Passos está ofendidinho, coitadinho. Chamou-nos piegas, mandou-nos emigrar, tratou-nos com sobranceria do alto do seu cargo acobertado pela troika, roubou-nos, mas está magoado, o pobre coitado. A geringonça subsiste, persiste, insiste em fazer-nos a vida, ainda que ligeiramente, melhor. E, isso, Passos não perdoa nem que a consciência lhe doa (o que não é, manifestamente, o caso). Passos diz que Costa é torpe, ordinário, vil e o mais que o covil à Buenos Aires inventa com supremo deleite, num orgasmo de atoardas, essas sim, torpes e indignas. Mas as bostas só podem ir para lá. Nunca para cá. Ou Passos chora. E deplora a actuação de Costa, o degenerado que lhe roubou o pouso e a prepotência. Haja clemência para tanta demência. De um ser abaixo de qualquer classificação. Defenda a honra, pois. Será sempre um acto imaginário para quem tal coisa não tem.
A sorte de uns é, está-se mesmo a ver, o azar de outros. Nos tempos de Costa, Portugal ganha o Europeu de Futebol e o Festival da Eurovisão. A economia melhora gradualmente. O desemprego desce. O optimismo sobe. Até o presidente sisudo, hirto, tacanho, deu lugar a um outro do mesmo partido, mas não do mesmo carácter. Passos, que tudo fez para salvar o País da hecatombe, teve azar, coitado. Mas não devemos esquecer o que Pedro diria, se lhe dessem agora a palavra: é ao anterior governo que se deve a vitória de Sobral. Porque Salvador só houve um depois do António de Santa Comba. O Pedro e mais nenhum.
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