o paulinho das mentiras

Podemos ter como ministro dos Negócios Estrangeiros alguém que mentiu para apoiar uma guerra?
por Daniel Oliveira

Ao que tudo indica, Paulo Portas será ministro dos Negócios Estrangeiros. Não alinho nas insinuações de Ana Gomes, pessoa a quem respeito a coragem da coerência - nunca hesitou em criticar no seu partido aquilo que critica nos outros - sobre a vida privada do líder do CDS. A referência indirecta ao processo Casa Pia é também inaceitável. Julgamentos populares nesta matéria são tão graves com dirigentes do PS como com dirigentes do CDS. Ficou-lhe mal. Nem sequer me concentro na questão dos submarinos. A investigação judicial em curso não o envolve e a decisão política era conhecida dos eleitores e por eles não foi punida.

O que para mim é grave prende-se com o que é referido neste artigo (que estranhamente não encontrou espaço para publicação) de Pezarat Correia: Paulo Portas mentiu sobre um assunto de política externa. Disse, sobre as armas de destruição em massa no Iraque, o homem que foi medalhado por Rumsfeld que tinha visto provas insofismáveis da sua existência. Não viu. Elas nunca existiram. Enganou os portugueses. E com a sua mentira envolveu o País numa guerra que custou a vida a centenas de milhar de pessoas.

Em política, mentir é, como se viu com Sócrates, um ato grave. Mais grave ainda quando está em causa o envolvimento de um Estado numa guerra. Para ocupar o lugar de responsável máximo da nossa diplomacia Paulo Portas deve ao País e aos nossos parceiros internacionais um pedido de desculpas. Começando por esclarecer que provas viu ou porque decidiu inventar provas que não viu. Isto, claro, se os portugueses, depois de tão justa revolta com as mentiras de Sócrates, não procuram apenas mentiras diferentes.

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