london calling

por Tiago Mota Saraiva

A Europa vive um violento processo de concentração de capital. Ao contrário do que se repete até à exaustão, o dinheiro não desapareceu, está concentrado em menos pessoas. 

Contudo, para que o processo funcione, importa criar mecanismos de dependência que permitam assegurar que as franjas de miséria não se desligam integralmente da sociedade, o que aumentaria os riscos de violência.

É neste âmbito que surge o Programa de Emergência Social no qual o governo admite gastar 400 milhões de euros, 30 vezes menos do que disponibiliza para ajudar a banca. O programa não é mais que umas côdeas, feitas dos restos de alimentos e remédios, e de uns milhares para algumas IPSS, pouco fiscalizadas e muito cristãs.

Entretanto, Inglaterra vive dias agitados. Não é quem está na miséria que se revolta, mas quem sabe ter a miséria como horizonte. A maioria dos looters são jovens nascidos nos anos 90, sistematicamente despolitizados por décadas de governação. No momento em que Cameron se prepara para restringir liberdades e convocar o exército (acções próprias do estado de guerra) e em que a extrema-direita que Breivik tanto aprecia constitui milícias e exige a anulação dos apoios aos que se manifestem, é algo limitado atribuir as causas da violência a uma geração particularmente mal-educada e delinquente.

A acção destes jovens, que dizem nada ter a perder, é uma óbvia consequência do violento processo de concentração de capital que a Europa atravessa.

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