salários em saldo


Por Andrea Peniche

Quem ontem ouviu Mira Amaral percebeu que também ele alinha pelo diapasão dos cortes salariais como resposta para enfrentar e superar a crise em que vivemos. Apesar da candura e do ar bem disposto com que o disse, percebia-se nele uma certa amargura de quem conhece os sacrifícios que propõe.

Para quem não saiba, Mira Amaral sempre foi um homem de vida dura e sacrificada. Já depois de ter sido três vezes ministro de Cavaco, foi explorado durante 18 longos meses enquanto exercia as funções de administrador na CGD. Em troca, esse injusto, despesista e gordo Estado só lhe paga 18 mil euros mensais de reforma. Porém, como não é homem fraco nem desistente, livrou-se da CGD e fez-se de novo à vida. Recusando sempre as cunhas, decidiu gastar uma pipa de massa em selos dos correios no envio do seu currículo. E como quem porfia sempre alcança, lá conseguiu um lugarzinho como presidente do BIC português. É agora assalariado de Américo Amorim e Isabel dos Santos. Farta-se de trabalhar em troca de um magro salário. Fartou-se de fazer horas extraordinárias aquando da compra do BPN pelo BIC.

Se é ele quem diz que é preciso cortar nos salários, eu atrevo-me a dar-lhe razão. Afinal, são palavras de quem não só sabe o que são salários baixos como de quem põe o seu próprio salário à disposição dos ditos cortes; além do mais, é um dos maiores conhecedores do que são e do que pesam os sacrifícios na vida das pessoas comuns.

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