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A entrevista, agora completa, a Ricardo Oliveira, alegada vítima e testemunha no processo Casa Pia. A linguagem é crua, a verdade está nua. 

A reportagem, bem como o texto que se segue, são um trabalho do jornalista Carlos Tomás.

Processo Casa Pia
Arguidos com vidas destruídas e mais vítimas a confessar que mentiram em tribunal
Um ano após a condenação em primeira instância a vida dos arguidos do processo da alegada rede de pedofilia está destruída. Continuam a gritar inocência numa altura em que três vítimas e Carlos Silvino, alegado cabecilha, já confessaram que mentiram em tribunal.

Por Carlos Tomás

Ricardo Oliveira, de 30 anos, e Pedro Lemos, de 31 anos, duas testemunhas/vítimas da alegada rede de pedofilia que operava na Casa Pia de Lisboa deram a cara e, em entrevista ao NOTÍCIAS SEM CENSURA confessaram que tudo o que disseram em tribunal era, afinal mentira, juntando-se, assim, a Ilídio Marques, outra suposta vítima, e a Carlos Silvino, ex-motorista daquela instituição e o arguido do processo condenado à pena mais pesada. Os novos depoimentos de Ricardo Oliveira, que ficou conhecido na opinião pública como “João A.” e que deu uma entrevista na TVI com uma máscara branca, acusando Paulo Pedroso e emocionando a jornalista Manuela Moura Guedes, bem como de Pedro Lemos, que na fase de inquérito apenas acusou “Bibi” e em julgamento acusou todos os arguidos, já estão na posse do Tribunal da Relação de Lisboa e da Procuradoria-Geral da República.

“Todos os arguidos, com excepção do ‘Bibi’, estão inocentes. Acusei-os a todos no inquérito e no julgamento, mas menti. Nunca fui abusado pelo Paulo Pedroso nem por nenhum dos arguidos”, afirmou, na entrevista, Ricardo Oliveira, garantindo que está disposto a prestar novamente declarações em tribunal “para repor a verdade”. 

“Já chega de mentira. É tempo de remediar o mal que fiz a estas pessoas. Quando os acusei foi com o objectivo de ganhar os 50 mil euros de indemnização que nos prometeram. Já recebi esse dinheiro e já o gastei. Fiquei indignado quando começaram a atacar o Ilídio Marques por estar a dizer a verdade e resolvi fazer o mesmo que ele. Sei que nada pode pagar o mal que foi feito aos arguidos, mas quero que a verdade seja reposta e tudo farei para que isso aconteça”, assumiu a testemunha/vítima, que tinha 21 anos quando o processo começou.

Apesar de nenhum dos arguidos ter sido condenado pelos abusos alegadamente sofridos por Ricardo Oliveira, o seu testemunho foi um dos que ajudou o colectivo da juízes a formar a convicção da culpabilidade dos arguidos. “Não existem provas contra os arguidos, mas os testemunhos dos assistentes, corroborados pela confissão do arguido Carlos Silvino, demonstram uma ressonância da verdade que afastam a dúvida razoável”, lê- se no acórdão que condenou seis dos sete arguidos levados a julgamento. Uma “ressonância” que agora é colocada em causa por Ricardo Oliveira. “Eu na PJ lançava nomes para o ar e os inspectores apanhavam os que lhes interessavam. Acusei muitas pessoas que não constam do processo e assinei autos onde havia coisas escritas que eu não percebia nem tinha dito. Achei piada quando me deram credibilidade nas perícias feitas no Instituto de Medicina Legal. Eu disse o que me apeteceu e a confirmação de ter tido penetrações no ânus não dizia quem é que tinha abusado de mim. Limitei-me a dar os nomes que sabia que interessavam e que tinham de bater certo com o que já tinha dito na PJ. Foi fácil mentir neste processo.”

Questionado sobre os depoimentos prestados pelas outras testemunhas/vítimas, Ricardo Oliveira não tem dúvidas: “Elvas nunca existiu. Eu ia muitas vezes lá ao fim-de-semana visitar família que vivia mesmo ao pé da casa da senhora Gertrudes e nunca vi nenhum casapiano ou motorista da Casa Pia. Nós até combinávamos aquilo que era para dizer em tribunal. O Francisco Guerra, que escreveu um livro, tinha com ele os depoimentos que todos demos à PJ para poder construir a história dele. E na altura o processo ainda estava todo em segredo de justiça. Eu é que lhe tirei os papéis da mão e os entreguei na provedoria. Estão todos a mentir.”

Nas declarações que se encontram na posse do Tribunal da Relação e da Procuradoria-Geral da República Ricardo Oliveira conta que recebia dinheiro das mãos de Catalina Pestana para ir comprar droga, admite que fez vários assaltos e que foi preso, mas que acabou por ser posto em liberdade e nada sofrer em termos penais por ser testemunha do processo, revela que viveu um ano numa casa com a jornalista Felícia Cabrita e com o psicólogo Álvaro Carvalho, desmente que alguma vez se tenha tentado suicidar, como foi noticiado por alguns órgãos de Comunicação Social, e assegura que nos anos em que esteve na Casa Pia nunca ouviu falar do nome de Carlos Cruz, sem ser pela televisão. Admite ainda que foi prostituto no Parque Eduardo VII e que, à semelhança daquilo que fizeram outras testemunhas que frequentavam aquela zona de Lisboa, acusou vários clientes que a PJ não investigou.



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