golpes de estado na zona euro

Por Tiago Mota Saraiva

Nunca esperei não festejar o dia da queda de Berlusconi.

Tal como a Grécia, Itália vive um golpe de Estado que substituirá o primeiro-ministro eleito por um oficial de interesses. Para a Grécia os mercados escolheram um Constâncio, que já veio deitar água na fervura quanto à possibilidade de haver eleições em Fevereiro, e em Itália fala-se de um Vitorino. Num e noutro caso, a transição será feita sem eleições, sob a lógica da unidade nacional, para aplicar a austeridade que o povo contesta.

Contudo é bom que se note que estes golpes estão a ter toda a colaboração do chamado “centro-esquerda”. Ciente de que o seu apoio às políticas de austeridade lhe trará desastres eleitorais históricos (já sucedeu em Portugal, sucederá em Espanha e as sondagens na Grécia e em Itália não são animadoras), este centro-esquerda não hesita em promover uma pretensa unidade para governos de emergência nacional. O objectivo é evitar eleições, ainda que seja à custa do sonho de Manuela Ferreira Leite: a suspensão da democracia. A Internacional Socialista brinca com o fogo.

Em Portugal este golpe não está longe de poder suceder. Não é inimaginável que, perante o aumento da contestação social ou um desentendimento com quem especula, Cavaco não chame a Belém a tríade PSD+PS+CDS para ditar um governo de salvação nacional. António Borges espreita a oportunidade.

É neste contexto que a esquerda portuguesa se tem de preparar para o mais importante confronto depois do pós-25 de Abril. Tanto na rua como eleitoralmente – mas isto fica para outro escrito.

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