como os políticos enriquecem em portugal


Há um pequeno livro, chamado “COMO OS POLÍTICOS ENRIQUECEM EM PORTUGAL“, do jornalista António Sérgio Azenha, que, tal como apareceu nas livrarias, desapareceu em poucas semanas. Era bom que todos os portugueses lhe pudessem ter acesso. Neste livro fica bem patente (até porque os rendimentos dos antigos ministros e secretários de Estado são, por imposição legal, dados públicos registados no Tribunal Constitucional, não sendo portanto matéria passível de especulação ou manipulação), que os políticos vêem multiplicar, por vezes exponencialmente, os seus proventos, graças à sua passagem pelo governo. 

Refira-se, a título de exemplo, alguns casos paradigmáticos abordados ao longo do livro: 

- Manuel Dias Loureiro, ex-ministro da Administração Interna de Cavaco Silva até Outubro de 1995, apenas tem quatro declarações de património e rendimentos registadas no Tribunal Constitucional. Ainda assim, é possível apurar que, enquanto os seus rendimentos eram de € 65.010 em 1994, esse valor passa para € 861.366 em 2001;

- Joaquim Pina Moura, ex-ministro das Finanças e da Economia de António Guterres, auferia anualmente, em 1994, 22.814 €. Passou pelo governo de 1995 a 2001 e, em 2006, esse mesmo rendimento ascendia aos 697.338 € anuais; 

- Jorge Coelho, ex-ministro do Estado e do Equipamento Social no tempo de António Guterres, permaneceu no governo entre 1996 e 2000 e o seu rendimento anual, que era de € 41.233 em 1994, subiu para € 702.758 em 2009;

- Armando Vara, ex-ministro da Juventude e do Desporto no governo de Guterres, cumpriu as suas funções oficiais entre 1996 e 2000. Em 1994, ganhava anualmente € 59.486 e, em 2010, os seus rendimentos atingiam os € 822.193;

- Finalmente, vejamos o caso de António Mexia, ex-ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações no governo de Santana Lopes: com rendimentos anuais que já atingiam os 680.360 € em 2003, esteve no governo entre o Verão de 2004 e a Primavera de 2005 e, em 2009, os seus rendimentos ascendiam ao montante colossal de 3.103.448 € anuais, ou seja, após a sua breve passagem por um governo que durou escassos 8 meses  beneficia de uma multiplicação astronómica de rendimentos, sob uma base já de si extremamente elevada. 

Muitos governantes, chamados para cargos de liderança em empresas com interesses em parcerias, empreitadas ou outros serviços ou fornecimentos dependentes do beneplácito do Estado, são muitas vezes meros agentes, testas-de-ferro se se quiser, de negócios envolvendo lucros de larguíssimos milhões de euros, negócios que eles tornam possíveis devido aos seus contactos ao mais alto nível, aos seus conhecimentos dos meandros do poder e, tantas vezes, como paga dos caminhos que eles próprios desbravaram, a favor dessas empresas, enquanto membros do governo.

E os portugueses comuns, que nunca foram ricos, que nunca viveram acima das suas possibilidades, ao contrário do que nos repetem numa campanha de intoxicação infame, sofrem agora, com o desemprego, com a fome, com privações sem fim e sem fim à vista, os resultados destas práticas predadoras.

Será que se vai continuar a votar neles, a dar-lhes o mando e, ao dar-lhes o mando, a proporcionar-lhes a acumulação de fortunas em negociatas que, se não são ilícitas, são pelo menos imorais e descredibilizadoras da vida política? Espero que não. Que recebam, nas urnas, a punição com que a Justiça sempre lhes faltou.

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