passos e portas, o amor acabou


Por Tiago Mesquita

A relação entre Pedro e Paulo há muito que esfriou. O amor incondicional em torno de um objectivo comum, a salvação do reino, tornou-se numa relação de interesses que sustenta uma esfrangalhada coligação. De um lado Pedro, cada vez mais austero, intransponível, quase ditatorial, arrasando a necessidade de afirmação dos valores tradicionais que Paulo adora defender aos quatros ventos nas aldeias, feiras, tabernas e lagares cá do burgo.

Paulo adora a opinião própria para além da negociada, viajar, trajar bem e dar uma de patriota quando a coisa dá para o torto, mesmo que a culpa devesse ser partilhada e as "malfeitorias" sejam delineadas com o seu aval. Odeia ser ultrapassado, detesta que falem em nome dele (principalmente quando as noticias são más e lhe afectam a imagem imaculada) e não suporta a forma absorvente e obsessiva de Pedro em relação ao que os uniu (leia-se o PSD a aniquilar o CDS - que não é mais do que um apêndice hoje em dia). Pedro e Paulo são um para o outro uma espécie de mal necessário. Vivem sob o mesmo tecto mas dormem em quartos separados.

Mas a verdade é que no fundo dá um jeito tremendo a Paulo que seja sempre Pedro a fazer o papel de mau da fita, aliás consegue sair quase sempre ileso das relações, das quais se tenta desligar descaradamente. Pior, faz birra perante novas medidas anunciadas que afectem os cidadãos e reúne as tropas, deixando Pedro aos lobos. Qual primadonna, adora dramatizar e usar frases como "sentido de estado" e "atitude patriótica", sempre com o ar solene de quem está imbuído de um "espírito de missão" que ultrapassa meros interesses pessoais. Pedro sabe pouco e Paulo sabe muito.

Resumindo: esta coligação morreu como morrem muitas relações. Não vai lá com almoços à luz das velas, lanches, reuniões familiares ou partidárias. Sugiro aconselhamento matrimonial para o casal e em último caso o divórcio. Mas fica o aviso, tratem disso rápido, porque já a partir do próximo mês "os divórcios, que integram a partilha e registo de património conjugal, sobem para 625 euros, mais 75 euros do que anteriormente." Negócios Online

Agradeçam ao padrinho, o tio Gaspar. 

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