o canal do panamá


Volto às privatizações. Ao escândalo maior entre tantos escândalos e iniquidades de que o País tem sido fértil.

O Público, que podem acusar, como eu, de condicionar a informação a interesses económicos ou apetites ideológicos, tem ultimamente prestado um verdadeiro serviço público, honra lhe seja feita. Após alguma investigação, vem hoje denunciar as ramificações entre a angolana Newshold (é isso, não é?) e um polvo com milhares de tentáculos no Panamá, crescendo à sombra de um paraíso fiscal. Segundo o Público, os mesmíssimos nomes aparecem à frente de mais de 12.000 empresas.

E é a esta gente, uma autêntica máfia de contornos absolutamente aterradores, de quem temos múltiplas suspeitas e poucas dúvidas sobre a sua probidade ou a falta dela, que vamos entregar de mão beijada e por tuta-e-meia o serviço público de televisão.

Já estou a ver o novo canal, onde eles vão mandar e nós continuar a pagar: uns shows pindéricos com muitas plumas, lamés, lantejoulas e tafetás ao melhor estilo de um bordel de Cancún, muitos reality shows dignos de qualquer sarjeta, muitas novelas latino-americanas de fino recorte literário e elevado valor artístico e, claro, uma informação que pairará entre o sensacionalismo alarve e o crime de faca e alguidar, ao jeito do Correio da Manhã, com a presença assídua de comentadores políticos da direita mais bacoca e imbecil, ao nível do semanário Sol e do respectivo director Saraiva. Uma RTP distorcida e a preto e branco. Pior do que a de Valadão? Neste momento, nada me espanta e nada é impossível. A impunidade reina. À sombra da troika.

PS: O escândalo já ultrapassa fronteiras. Se forem ao El País online, encontrarão um artigo com um título elucidativo: GOVERNO COLOCA PORTUGAL À VENDA.

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