um zero à direita, um zero para a esquerda

Cavaco falou. Ou melhor, escreveu porque falar não é o seu forte e é para escrever que servem os ghost writers lá do palácio, o orçamento da presidência é generoso e dá para isso e muito mais. Cavaco escreveu. Para criticar o governo. Mas seria o governo de Coelho? Não, antes foi para criticar o governo de Sócrates, defunto já morto, enterrado e em processo final de putrefacção. Cavaco escreveu. Para dizer que Sócrates foi o responsável pela crise que vivemos actualmente, ou seja, insistindo na grosseira mentira com que Passos foi eleito, ignorando a crise financeira americana que está a pôr o mundo de pantanas, fechando os olhos à acção nefasta de Merkel ou Barroso e à sua própria actuação enquanto primeiro-ministro impulsionador, com gosto e sem arrependimentos, muito menos enganos ou dúvidas, da devastação dos sectores produtivos do País. Cavaco é Cavaco, escavaca o respeito que qualquer um deveria ter pela presidência da República. E tenta, arduamente, justificar o seu silêncio, o seu dolce fare niente em reuniões e conciliábulos pelos dourados salões de Belém, com os seus tapetes persas, jarrões da Companhia das Índias, serviços Vista Alegre, reposteiros de brocado e agora, felizmente, isento de microfones escondidos nos interstícios das paredes decoradas a trompe l'oeil e retratos de Carmona, Tomás e Spínola, três dos heróis de tempos idos. Cavaco é Cavaco. Escavaque-se Cavaco. Para que não continue a escavacar o País. Não merecemos um presidente assim. Não queremos um presidente assim. Passos e Cavaco, juntos até que a morte os separe, são um concubinato que nos está a sair caro. Fatal.

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