ouve, maduro

Por Artur Portela

Ouço-te cometer o mesmo erro de sempre.
Depreciar o riso.
Sustentar a gravidade, o espírito de seriedade.
Acácio.
Abranhos.
E Steinbroken.
Os briefings.
Os briefings são, para ti, em si mesmos, coisa pouca, coisa nenhuma.
O fundamental, dizes, é a comunicação política útil.
A comunicação governamental útil.
É a promoção da transparência.
O reforço da democracia.
Pelo que, aproximadamente o dizes, aqueles que promovem os briefings a desencadeadores de crises, a casos, são talvez dignos dos programas humorísticos de televisão, e das páginas humorísticas dos jornais.
Não são decerto dignos do respeito de um país em crise, numa Europa em crise, num mundo em crise.
Se eu não fui por ali, deixa-me que te sugira que não vás, tu, Maduro, por aí.
O riso são milénios de cultura.
O riso são milénios de eficácia.
O riso é, também, Portugal.
O riso é a coisa mais séria e mais eficaz do mundo.
Dramática, por vezes.
Portanto, os briefings, estes, claro que são também menoridades.
Mas são expressões de menoridades a montante..
Expressões das vossas menoridades culturais.
Das vossas menoridades políticas.
De quão abanado é o vosso critério.
De quão cata-ventista é a vossa irrevogabilidade.
A tua agência de imagem, a tua agência de publicidade, os tycoons de imagem, de publicidade, de linguagem que frequentam o teu gabinete, que, vêmo-lo na televisão, se agitam, noite fora, fumando, às janelas iluminadas da tua ansiedade, sabem perfeitamente que não estás a fazer bem o papel que te atribuíste e te atribuíram.
A desenvoltura, a desinibição, o inconformismo, o cosmopolitismo, académico e não só.
Aquilo que era para ser uma correcção de um tiro chamado Relvas e a correcção de um tiro chamado Santos Pereira.
Tu não eras nem um António Silva nem um Vasco Santana.
Tu eras o homem da aceleração, da viragem, da sofisticação, da comunicação.
Eras para ser.
Eras para ensinar a Pedro que há cidades europeias a norte de Vila Real.
Eras para ensinar a Paulo que as portas não são para fechar por dentro.
Estás fatal.
Fatal para ti próprio.
Fatal para o governo. 
Lomba a céu aberto.
Eu diria que estás a dar cabo da imagem que o teu assessor de imagem quer que tu assumas.
E da linguagem que o teu assessor de linguagem quer que tu produzas.
E da cultura plural, aberta, globalizada que o teu assessor cultural quer que tu pelo menos implicites.
Eu concluiria que não é nada disto, Maduro.
Por este andar, o afinal amargurado e shakespeariano Torga que é Pedro substitui-te.
Por um dos teus próprios assessores.
Se é que tu não eras, já, e fundamentalmente não serás, ainda, um assessor.
De quem não está ainda identificado.

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