o cabaret da coxa

Por Fernanda Mestrinho

A economia de casino e o cabaret da coxa usufruem-se mutuamente. Congeminava nesta reflexão quando me caiu uma notícia no regaço.

Francisco Almeida Leite, jornalista, ia ser nomeado para a administração do tal banco de fomento que vai distribuir os 20 mil milhões da Europa. Da redacção de um jornal foi para o Instituto Camões para tratar da língua portuguesa (cultura), voou para secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Paulo Portas (política internacional) e vai agora para aquela administração (economia).

Fiquei esmagada por esta genial versatilidade. O seu currículo vai ser apreciado por uma comissão. Mão amiga explicou-me: chama-se CRESAP, é constituída por 15 elementos, um presidente, 3 vogais permanentes e 11 não permanentes efectivos; há ainda 11 vogais não permanentes suplentes e uma bolsa de 44 peritos. Uf!

Não é preciso tanto esforço. Os partidos que governam (PSD e CDS) ou o PS não ligam a essas minudências curriculares.

Por isso a vaga de independentes agora é moda. Marcelo Rebelo de Sousa chamou louca a Helena Roseta quando, há anos, criou o Movimento de Cidadãos por Lisboa. Há quem cavalgue a onda quando ela já bateu na areia. Voltei à reflexão: o casino revigora-se depois do susto, o cabaret da coxa nunca interrompeu a festança. Lá estão assessores e consultores, amigos e familiares, militantes e simpatizantes.

Quando dizem que vêm aí 20 mil milhões, só posso dizer: "ai, lá se vai outra vez o nosso rico dinheiro?"

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