shutdown



Por Eduardo Pitta
daliteratura.blogspot.pt

O braço-de-ferro entre democratas e republicanos por causa do Orçamento para 2014 podia ser um confronto de projectos, natural numa sociedade livre. Mas a chantagem dos representantes do Tea Party faz dele um acto fascista. Causa próxima: o Obamacare. Verdade que parte significativa dos contribuintes americanos não quer subvencionar os cuidados básicos de saúde de 46 milhões de carenciados. Num país com 316 milhões de habitantes, não sabemos que parte da população quer medir o país pela bitola do Zimbábue. Contudo, uma sondagem da CNN garante que 46% dos americanos desaprovam o extremismo dos republicanos, considerando que o Tea Party está a conduzir o país a um suicídio colectivo.

Se o assunto não ficar resolvido até ao próximo dia 17, os Estados Unidos declaram bancarrota. Seria pleonástico antecipar as ondas de choque em todo o mundo. Cameron, num acesso de histeria, começou ontem a espernear.

A dispensa, efectiva desde anteontem, de 800 mil funcionários públicos classificados como “não essenciais” (num total de 2,3 milhões), é uma nano-mostra do que pode vir a acontecer. Neste momento, as forças de segurança, as polícias, os guardas de fronteira, os controladores aéreos e o pessoal dos correios, estão a fazer o seu trabalho sem auferir salário. Excepção: as forças armadas colocadas no estrangeiro. Por seu turno, senadores e congressistas, a quem o shutdown não afecta, continuam a ser remunerados. Se isto não é fascismo, vou ali e já venho.

Não é a primeira vez que tal acontece: entre 5 de Dezembro de 1995 e 6 de Janeiro de 1996, o mundo esteve suspenso do duelo entre Clinton e Newt Gingrich. A ver vamos se Obama está à altura da História.

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