a escola como esmola

O burburinho à volta da tabela de sucesso (vulgo ranking) das escolas, o facto de todos os jornais de "referência", seja lá o que isto queira dizer, lhe terem dado honras de espalhafato e parangonas de primeira página, leva-me a desconfiar que este não será mais do que um jeitinho ao governo e ao prior Crato, o messias da Educação.

Então as escolas particulares são as melhores, hein? Mas não são essas as que podem escolher quem lá metem? E não são os miúdos que as podem frequentar, de progenitores mais abonados, melhor encorajados do que os outros cujos pais, tantas vezes, os deixam ao deus-dará pelas ruas da amargura, pela dura escola da vida, eles próprios, os adultos, sem estudos que lhes permitam acompanhar e incentivar o progresso dos ganapos?

A humilhação à escola pública e aos professores da escola pública, tidos nestes rankings como calaceiros e incapazes, tem um único objectivo quanto a mim, e não devo andar longe da verdade: preparar o terreno para a privatização quase total do ensino, para a reforma do Estado como Portas, Crato e Passos acalentam nos seus sonhos mais húmidos, tal a tesão reformista que os trás excitados, sem ponta por onde se peguem. 

E os donos das escolas, com cheque-ensino ou subsídios ou subvenções ou lá o que lhe queiram chamar, veneradoramente, agradecem a Portas, Crato e Passos. O negócio augura-se chorudo, o futuro risonho.

Para os outros, restará a esmola de uma escola de refugo. Então sim, serão as últimas do ranking para os putos do rebotalho humano. Sem misturas de classes. Sem horizontes nem esperança de vingar na vida.

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