putos à solta


Eis que, a pensar nas eleições europeias mas, sobretudo, nas legislativas de 2015, as sanfonas começaram já a soar gaiteiras ali para os lados das Laranjeiras, de São Bento, de São Caetano, de todos os santinhos que desceram à Terra para nos salvar. Paulo Portas, tonitruante e altivo como convém à sua altaneira estatura de altíssimo estadista, o Altíssimo feito homem, veio anunciar a provável redução da taxa de IRS lá para 2015. A propaganda vai agitar-se e a agitação propagar-se. Vêm aí milagres ao virar da esquina, enriquecimentos súbitos, súbitas descidas de impostos, emprego para todos, amanhãs que cantam, tardes de sorna, noites de deboche. Regabofe, rebaldaria, estúrdia, bacanal permanente. Os feriados roubados serão repostos, os roubos devolvidos, os ofendidos ressarcidos, os suicidados renascidos. Portugal jardim à beira-mar plantado. Fascismo implantado, pouca-vergonha instituída, mentira institucionalizada, fraude legalizada, extorsão perpetrada por hábil manápula de larápio menor. Chamem-se O MãozinhasO Bexigoso, O Pé-de-CabraO Pé-de-SalsaO Trinca-EspinhasO Ranhoso, O Petas, O Merdas ou A Badalhoca, são um bando de putos à solta, amigos do gamanço, amantes da trapalhada, adeptos da ditadura travestida de democracia, carpideiras num enterro de Carnaval, foliões da Quaresma perpetuada, do jejum forçado, seguidores do livre empreendedorismo, fiéis da riqueza contra a pobreza, apóstolos dos fortes contra os fracos. Sejam eles O Tenor, O Africano, O ManequimO Flauzino, O Flautas, O Sacristas ou O Tanas, aí estão para nos acudir, nos sacudir nas horas más. 

São putos.

Não lhes insultem as mãezinhas. Também elas tiveram uma má hora.

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