de que estão à espera para decretar a solução final?

Ontem, no debate quinzenal parlamentar, Coelho esteve em plena forma, quase arruaceiro, assumidamente panfleteiro, em mais um dos muitos actos de campanha eleitoral que estão a marcar este fim de um mandato mais do que desgraçado: desgraçou-nos.

Passos mostrou as suas garras, vociferou contra "as esmolas do Estado" e este dito é, por ele só, todo um programa de governo, o da selecção natural, os mais capazes que progridam na vida segundo os seus méritos ou, tantas vezes, de acordo com as suas capacidades de esmagar os que os rodeiam para vencer, conquistar um lugar ao Sol. Os outros que fiquem pelo caminho, que emigrem, que vivam na miséria, da caridadezinha. O Estado não tem por obrigação amparar essa gente, isso seria um incentivo à preguiça, à inacção. O Estado não deve dar-lhes condições para se libertarem da pobreza onde nasceram. Daí a liquidação do Estado Social, a Educação deve destinar-se a quem pode pagar, a Saúde a quem tem dinheiro para se tratar. Os outros, que recorram à caridade se não quiserem morrer já. E o governo, o mesmo que corta pensões, subsídios, abonos de família, é o mesmo que entrega milhões às instituições de solidariedade. Não que os indigentes mereçam, não fazem por cá grande falta, são um peso para a sociedade, mas é preciso disfarçar, alardear sentimentos, fingir-se humano, fazer de conta que se tem coração.

Não. Coração não há. O que há são garras que trituram e trucidam os mais fracos. Por acaso elas são de um Pedro. Podiam ser de um Adolfo, de um Francisco, de um Benito.

Podia ser a solução final.

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